“Entristece viver num tempo em que as universidades são tão pouco valorizadas”
Elisabeth Maria Foschiera, autora do texto A pandemia e os novos desafios da profissão
professor, publicado no livro Ao professor, a palavra, nasceu em Guaporé/RS em 14/07/1960 e é graduada em
Ciências (licenciatura curta) e Biologia (licenciatura plena e bacharel) pela
Universidade de Passo Fundo (UPF), e mestre em Educação, também pela UPF.
Já lecionou Biologia nas escolas Joaquim Fagundes
dos Reis, Adelino Pereira Simões, Antonino Xavier e Oliveira, Nicolau de Araújo
Vergueiro e Neeja, de Passo Fundo; nas escolas Frei Caneca e Bandeirante, de
Guaporé; e também na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs), em
Vacaria.
Atuou na coordenação pedagógica no Neeja e na
coordenação de educação ambiental da 7ª Coordenadoria Regional de Educação
(CRE). Na UPF, atua na coordenação do Centro de Ciências e Tecnologias
Ambientais (CCTAM), na coordenação de extensão e coordenação adjunta do curso
de Pedagogia do campus Carazinho.
Atualmente mora em Passo Fundo e é professora da
UPF, ministrando aulas no curso de Pedagogia.
Formatura do curso de Pedagogia da Universidade de Passo Fundo. Na foto, Elisabeth e seus alunos. |
1.
Qual o maior defeito e a maior qualidade de Elisabeth Maria Foschiera?
Defeito: ansiosa. Qualidade: parceira.
2. Em seu texto, A pandemia
e os novos desafios da profissão professor, você conta que o friozinho na
barriga, comum nos primeiros dias de aula de cada ano letivo, se transformou em
dor no estômago e insônia com a chegada da pandemia. Olhando para trás, qual a
leitura que você faz deste último ano enquanto educadora? A educação sai de
2020 fortalecida ou enfraquecida?
As duas opções são verdadeiras. A
educação sai fortalecida, pois demonstrou, mais uma vez, a sua importância para
o desenvolvimento e o bem-estar das comunidades. Sai enfraquecida, mais uma
vez, pelo descaso e indiferença dos governos, para e com os profissionais da
educação.
3. A sociedade vem debatendo sobre o retorno das aulas
presenciais. Qual a sua opinião? Deve-se voltar ou não e por quê?
Todos queremos voltar, professores,
alunos, funcionários e familiares. Porém, não há suporte para uma volta segura.
Que bom se estivéssemos mais avançados na vacinação... Mas isso não aconteceu,
mesmo com a potencialidade do Instituto Butantan e da Fiocruz. Portanto, no meu
entendimento ainda não é o momento. E já temos exemplos das consequências,
tanto fora como dentro do país. Mas, em caso de volta, que as famílias sejam
respeitadas pelas suas decisões, tendo oportunidade de escolher entre o
presencial e o sistema remoto.
Aula virtual. |
4. Você atuou na coordenação
pedagógica do Neeja, o Núcleo Estadual de Educação de Jovens e Adultos. Qual a maior
lição que este trabalho te deixou?
Percebi a responsabilidade do trabalho dos gestores
escolares, bem como a importância de termos governantes comprometidos com a
educação pública de qualidade – no caso dos Neejas, promovendo políticas
públicas para inclusão, empoderamento e autonomia dos sujeitos envolvidos.
Infelizmente, políticas que não foram mantidas pelos sucessores.
5. Atualmente você é professora
do curso de Pedagogia da Universidade de Passo Fundo. Como está o ambiente da
universidade neste cenário de polarização política e ideológica, pandemia e
isolamento?
Felizmente
no grupo de professores e gestores da Faed, em especial no curso de Pedagogia,
há um trabalho integrado e comprometido com uma educação emancipatória, com
muito diálogo e respeito às diferenças. Até porque somos responsáveis pela
formação de profissionais que realizarão atendimento nas escolas de educação
infantil, anos iniciais, EJA e em espaços não escolares, portanto requer muito
compromisso com a amorosidade.
Há
uma sintonia excelente no grupo, que nos fortalece cotidianamente no trabalho a
ser realizado e no enfrentamento das dificuldades. Para completar, temos uma
reitora enfermeira, que literalmente tem “cuidado” de todos nós, comunidade
acadêmica.
Claro
que nos entristece viver num tempo em que as universidades são tão pouco
valorizadas, com muitas perdas de recursos para bolsas de projetos e programas
importantes, tanto na pesquisa quanto na extensão e inovação, potencializadas
pela pandemia. Mas, mesmo assim, procuramos nos reinventar e ofertar, com
humanização e excelência acadêmica, o melhor atendimento aos alunos e alunas
que optam pela nossa instituição e pelo curso de Pedagogia.
Com a equipe de divulgação do vestibular da UPF. |
6.
Darcy Ribeiro diz que a crise da educação no Brasil não é uma crise, mas um
projeto. Você concorda com essa afirmação?
Difícil é discordar da afirmação. Mas também é importante focar o nosso olhar
para as boas iniciativas que aconteceram em diferentes governos. Como os
projetos do Darcy Ribeiro, que buscavam melhorar a educação em nosso país. O Neeja,
um projeto lindo que possibilitou o retorno aos bancos escolares de tantos
gaúchos e gaúchas que não puderam realizar seus estudos durante a infância ou
adolescência, entre tantas outras iniciativas.