sexta-feira, 19 de março de 2021

Entrevista com Elisabeth Maria Foschiera!

 

“Entristece viver num tempo em que as universidades são tão pouco valorizadas”


Elisabeth Maria Foschiera, autora do texto A pandemia e os novos desafios da profissão professor, publicado no livro Ao professor, a palavra, nasceu em Guaporé/RS em 14/07/1960 e é graduada em Ciências (licenciatura curta) e Biologia (licenciatura plena e bacharel) pela Universidade de Passo Fundo (UPF), e mestre em Educação, também pela UPF.

Já lecionou Biologia nas escolas Joaquim Fagundes dos Reis, Adelino Pereira Simões, Antonino Xavier e Oliveira, Nicolau de Araújo Vergueiro e Neeja, de Passo Fundo; nas escolas Frei Caneca e Bandeirante, de Guaporé; e também na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs), em Vacaria.

Atuou na coordenação pedagógica no Neeja e na coordenação de educação ambiental da 7ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE). Na UPF, atua na coordenação do Centro de Ciências e Tecnologias Ambientais (CCTAM), na coordenação de extensão e coordenação adjunta do curso de Pedagogia do campus Carazinho.

Atualmente mora em Passo Fundo e é professora da UPF, ministrando aulas no curso de Pedagogia.

 

Formatura do curso de Pedagogia da Universidade de Passo Fundo. Na foto, Elisabeth e seus alunos.

1. Qual o maior defeito e a maior qualidade de Elisabeth Maria Foschiera?

Defeito: ansiosa. Qualidade: parceira.

 

2. Em seu texto, A pandemia e os novos desafios da profissão professor, você conta que o friozinho na barriga, comum nos primeiros dias de aula de cada ano letivo, se transformou em dor no estômago e insônia com a chegada da pandemia. Olhando para trás, qual a leitura que você faz deste último ano enquanto educadora? A educação sai de 2020 fortalecida ou enfraquecida?

As duas opções são verdadeiras. A educação sai fortalecida, pois demonstrou, mais uma vez, a sua importância para o desenvolvimento e o bem-estar das comunidades. Sai enfraquecida, mais uma vez, pelo descaso e indiferença dos governos, para e com os profissionais da educação.

 

3. A sociedade vem debatendo sobre o retorno das aulas presenciais. Qual a sua opinião? Deve-se voltar ou não e por quê?

Todos queremos voltar, professores, alunos, funcionários e familiares. Porém, não há suporte para uma volta segura. Que bom se estivéssemos mais avançados na vacinação... Mas isso não aconteceu, mesmo com a potencialidade do Instituto Butantan e da Fiocruz. Portanto, no meu entendimento ainda não é o momento. E já temos exemplos das consequências, tanto fora como dentro do país. Mas, em caso de volta, que as famílias sejam respeitadas pelas suas decisões, tendo oportunidade de escolher entre o presencial e o sistema remoto.

 

Aula virtual.

4. Você atuou na coordenação pedagógica do Neeja, o Núcleo Estadual de Educação de Jovens e Adultos. Qual a maior lição que este trabalho te deixou?

Percebi a responsabilidade do trabalho dos gestores escolares, bem como a importância de termos governantes comprometidos com a educação pública de qualidade – no caso dos Neejas, promovendo políticas públicas para inclusão, empoderamento e autonomia dos sujeitos envolvidos. Infelizmente, políticas que não foram mantidas pelos sucessores.

 

5. Atualmente você é professora do curso de Pedagogia da Universidade de Passo Fundo. Como está o ambiente da universidade neste cenário de polarização política e ideológica, pandemia e isolamento?

Felizmente no grupo de professores e gestores da Faed, em especial no curso de Pedagogia, há um trabalho integrado e comprometido com uma educação emancipatória, com muito diálogo e respeito às diferenças. Até porque somos responsáveis pela formação de profissionais que realizarão atendimento nas escolas de educação infantil, anos iniciais, EJA e em espaços não escolares, portanto requer muito compromisso com a amorosidade.

Há uma sintonia excelente no grupo, que nos fortalece cotidianamente no trabalho a ser realizado e no enfrentamento das dificuldades. Para completar, temos uma reitora enfermeira, que literalmente tem “cuidado” de todos nós, comunidade acadêmica.

Claro que nos entristece viver num tempo em que as universidades são tão pouco valorizadas, com muitas perdas de recursos para bolsas de projetos e programas importantes, tanto na pesquisa quanto na extensão e inovação, potencializadas pela pandemia. Mas, mesmo assim, procuramos nos reinventar e ofertar, com humanização e excelência acadêmica, o melhor atendimento aos alunos e alunas que optam pela nossa instituição e pelo curso de Pedagogia.

 

Com a equipe de divulgação do vestibular da UPF.

6. Darcy Ribeiro diz que a crise da educação no Brasil não é uma crise, mas um projeto. Você concorda com essa afirmação?

Difícil é discordar da afirmação. Mas também é importante focar o nosso olhar para as boas iniciativas que aconteceram em diferentes governos. Como os projetos do Darcy Ribeiro, que buscavam melhorar a educação em nosso país. O Neeja, um projeto lindo que possibilitou o retorno aos bancos escolares de tantos gaúchos e gaúchas que não puderam realizar seus estudos durante a infância ou adolescência, entre tantas outras iniciativas.