Texto: Jana Lauxen
Fotos: Bia Barzotto
Quando
uma mulher aprende a admirar outra mulher; a ver nela cumplicidade, ao invés de
rivalidade, parceria ao invés de concorrência, uma pequena revolução acontece.
Afinal,
desde muito pequenininhas, aprendemos que “mulher não é amiga de mulher”. Somos
ensinadas que a outra é sempre uma potencial inimiga, mesmo quando é amiga –
talvez, principalmente quando é amiga. A competição é para ver quem é a mais
bonita, a mais popular, a mais magra, a mais desejada, a mais prendada, a mais
inteligente, a mais bem-sucedida, a mais isso, a mais aquilo. E se – Deus me
livre! – a outra for “mais”, eu a declaro minha rival, minha oponente, meu
desafeto.
Daí
porque existem tantas mulheres criticando, depreciando, julgando e condenando
outras mulheres. Trata-se de puro e simples condicionamento social, algo que
fazemos automaticamente, quase sem perceber. Falar mal e apontar o dedo para a
outra nos faz sentir que somos melhores do que ela, supostamente aumentando
nossa pontuação neste jogo; um jogo que definitivamente não podemos ganhar.
A
estratégia é antiga, mas funciona: dividir para conquistar.
Entretanto,
quando uma mulher, uma única mulher neste planeta percebe a grande cilada;
quando se dá conta de que a outra não só não é sua inimiga, como também é sua
aliada, uma rachadura aparece nesta muralha milenar que nos divide e nos separa;
que nos maltrata e que ainda nos mata.
Há quem
diga: “ora, uma rachadura não faz diferença nenhuma”. Muitas rachaduras, no
entanto, provocam o colapso de toda esta estrutura que nos mantêm cativas.
E nós,
minhas amigas, somos muitas.
Escrever
o livro “Inspiração: Substantivo Feminino” foi um jeito que encontrei de abrir
uma pequenina fenda neste muro e colaborar um pouquinho mais para sua queda definitiva.
Um
jeito de olhar mais de perto as mulheres que me rodeiam e dizer a cada uma: eu
estou ao seu lado.
Estão
reunidas no meu quarto livro, “Inspiração: Substantivo Feminino”, 24 crônicas
poéticas sobre 24 mulheres que, das mais diferentes formas, me impulsionam e me
inspiram a querer ser alguém melhor.
Porém,
elas também representam todas as mulheres que, diariamente e cada uma à sua
maneira, criam rachaduras nesta muralha que nos confina e nos encolhe.
Refiro-me
às mulheres que, neste exato momento, em algum lugar deste planeta, estão
percebendo a cilada, desconstruindo antigos conceitos, desaprendendo velhas
lições e reaprendendo a se reconhecer naquelas que a cercam; naquelas que
vieram antes e também naquelas que virão depois.
Mulheres
que, enquanto você lê esta resenha, provocam sua pequena revolução de modo
anônimo e geralmente discreto; porém implacável.
Falo de
mim, de você e delas, de todas elas.
“Inspiração:
Substantivo Feminino” busca lançar um olhar sobre a mulher dita comum, mas que,
apenas existindo, resiste e luta. Que não necessariamente levanta uma bandeira,
pois é a sua própria bandeira. Aquela mulher que você conhece da rua, de casa,
do mercado, do ponto de ônibus e do trabalho; aquela que você reconhece no
espelho e na tela da TV desligada.
São as pequenas revoluções que
promovem a grande mudança, e toda mulher é uma pequena revolução, deflagrada ou
não.
O
lançamento do livro “Inspiração: Substantivo Feminino”, que aconteceu no último
sábado, dia 07/12, no Garage Burger, em Carazinho/RS, foi uma celebração às
pequenas revoluções diárias e silenciosas, conflagradas cada vez que uma de nós
baixa a guarda e se desarma, porque finalmente é capaz de se ver naquela com
quem antes combatia.
Um
momento especial de olhar para fora e para dentro, para a outra e também para
si mesma.
De reafirmar
que mulher é amiga de mulher sim senhor, e é ainda mais: também é aliada, irmã,
cúmplice, parceira e comparsa.
Porque
muro algum pode nos separar, nos sufocar e nos aprisionar quando percebemos
que, afinal, somos continente e não ilha.
Somos muitas, mas juntas
somos uma só.
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