sábado, 16 de novembro de 2024

Livro de projeto antirracista da Escola Sorg será lançado em Carazinho!

 

Ôrí é uma palavra iorubá, muito utilizada nas religiões de matriz africana no Brasil, que representa a divindade pessoal de cada indivíduo. Segundo o babalorixá Sidnei Nogueira, Ôrí “descreve o recipiente capaz de processar os pensamentos”. É, literalmente, a cabeça física e espiritual de todo ser humano, o ponto superior de nosso corpo, o lugar que abriga nossos Orixás.

Ôrí também é o título do próximo lançamento da Editora Os Dez Melhores, que, não por acaso, acontece dia 19 de novembro, terça-feira, véspera do feriado do Dia Nacional de Zumbi dos Palmares e da Consciência Negra. A obra é o resultado final do Projeto de Educação Antirracista, atividade extracurricular capitaneada pela professora e historiadora Bruna Anacleto, envolvendo alunos do ensino médio da Escola Cônego João Batista Sorg, de Carazinho.


O projeto iniciou em 2022 com a proposta de criar releituras de contos de fadas, aproximando tais narrativas da realidade dos estudantes. Afinal, quem consegue se identificar com personagens predominantemente brancos, heteronormativos e com um corpo sempre dentro do padrão idealizado? Poucos de nós; talvez nem um de nós. Porque, verdade seja dita, as histórias que nos contaram durante toda a nossa infância simplesmente não nos representam.

Não demorou e o projeto ampliou seu olhar, seus braços e seu abraço, alcançando também histórias reais de mulheres fortes e inspiradoras, que nada tem a ver com as frágeis e indefesas princesas dos contos de fadas. Estamos falando de Dandara, Nina Simone, Sonia Guajajara e Marielle Franco, a grande mentora do projeto, além de Ágatha Fox, a primeira aluna trans do Sorg, entre muitas outras.

A primeira edição do projeto reuniu 15 histórias e poesias, que foram então transformadas em livretos escritos e ilustrados pelos estudantes. Devido ao grande sucesso e repercussão da atividade, em 2023 veio a segunda edição, que culminou em 26 histórias e desenhos sobre mulheres e homens racializados, que fazem de sua existência um ato corajoso de resistência, como, por exemplo, Lélia González, Malcolm X, Sueli Carneiro, Elza Soares e Ailton Krenak.

A segunda edição do projeto também trouxe as histórias de personagens carazinhenses, cuja luta antirracista parece fazer parte de seu DNA: estamos falando do primeiro vereador negro eleito no município, Alaor Galdino Tomaz; da ialorixá Carmem Holanda, nossa Mãe Carmem de Oxalá; de Cinara Mayer, a primeira mulher negra a ocupar um cargo de direção no Sorg; do Jamaica, multiartista, professor, capoeirista e uma lenda viva em nosso município; e, claro, da tia Ieda, funcionária do Sorg e grande mãe-amiga-confidente dos estudantes.

Ôrí é um livro carregado de vidas e personagens que falam sobre nós; que nos representam, que fazem com que a gente se identifique e se conecte sem esforço. De modo que o subtítulo da obra é uma pergunta que não poderia ser mais certeira: Com quantas histórias se faz um eu?

É possível a construção do EU sem a conscientização e união do NÓS? Existe indivíduo sem coletivo? Cidadão sem comunidade?

Ôrí: com quantas histórias se faz um eu? foi 100% financiado por Bruno Berté, o vereador mais votado da última eleição, comprovando a força e a relevância da cena cultural carazinhense, uma vez que Bruno levanta a bandeira da cultura local desde que se lançou vereador pela primeira vez, em 2020.

Além do livro, o projeto também rendeu o documentário Preconceito Real – muito além da cor da pele e o podcast Nossa Voz, ambos produzidos pelos estudantes.

O lançamento do livro acontece dia 19 de novembro, entre 18h e 21h, no salão nobre da Escola Cônego João Batista Sorg (Rua Marechal Floriano, 688). Além da presença dos alunos-autores, que estarão autografando os exemplares de seu primeiro livro, haverá também leituras, música e apresentações. A entrada é gratuita e Ôrí estará à venda para quem se interessar por R$65.


Todos os carazinhenses que, assim como nós e Angela Davis (outra personagem presente no livro), também acreditam que “Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista” estão convidados para o nosso lançamento, que é mais do que o lançamento de um livro; é parte de uma luta que pertence a todos nós, independentemente da nossa cor, crença, gênero e orientação sexual.

Porque uma sociedade preconceituosa jamais se transformará em uma comunidade melhor e mais unida, menos violenta e mais feliz – que é o que todos nós queremos, merecemos e, acima de tudo, precisamos.

Sua presença importa, faz toda a diferença e fortalece a cena cultural local e a luta antirracista em Carazinho!

Mais informações, entre em contato através do e-mail osdezmelhores@gmail.com