quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Resenha de lançamento do livro “Coisas do Interior”: para ler, ver, ouvir e sentir

 

Texto: Jana Lauxen

Fotos: Bia Barzotto e Silvana Xavier

 

Na live que fiz com o escritor Carlos Eduardo Goodman, no dia 14 de fevereiro, não pude evitar a clássica pergunta: de onde vem a inspiração para escrever? A resposta, igualmente clássica, geralmente é “da vida”, “do dia a dia”, “do cotidiano”. Porém, Goodman fugiu do óbvio e respondeu “eu tiro do interior”.


Não por acaso, o seu livro de estreia chama-se, justamente, Coisas do Interior, e traz textos que passeiam por dentro e pelo fundo, explorando e mergulhando em si, nos outros e nos caminhos e cenários pelos quais se movimenta, ora como criador, ora como criatura.


Goodman sente quando escreve, muito mais do que racionaliza. Revisita sua própria história e a reavalia, a ressignifica e a reconstrói. É como cria identificação imediata com o leitor, que reconhece seu próprio interior nos interiores que Carlos exterioriza.


Logo, o lançamento de seu primeiro livro não poderia ser de outra maneira, senão 100% sensorial, íntimo e aconchegante. Como a sua obra.


Também porque foi o primeiro lançamento presencial da Editora Os Dez Melhores desde que a pandemia mundial foi decretada, em março de 2020, e todos estavam carentes de estar juntos outra vez.


Assim, no fim da tarde do dia 18 de fevereiro de 2022, pudemos finalmente nos reencontrar para celebrar aquilo que alivia a brutalidade dos dias: a arte, a música, a literatura. A cultura. A beleza. Precisamos delas tanto quanto precisamos uns dos outros – e de um jeito como nunca carecemos antes!


Porque não fazemos nada sozinhos. Sós, somos peças soltas, isoladas e perdidas a rolar por aí sem rumo. É só quando estamos juntos que a nossa existência se justifica e se preenche. Afinal, o que é do editor sem o escritor? O que é do escritor sem o leitor? O que é do leitor sem o livro? O que é do livro sem o editor?

É um ciclo, onde cada parte é fundamental para completar o todo.


Muitas pessoas fizeram a noite do dia 18 de fevereiro acontecer do jeitinho que aconteceu.


Graças ao trabalho irretocável da equipe da Biblioteca Guilherme Schultz Filho, de Carazinho, fomos recebidos em um ambiente acolhedor e bonito, detalhadamente preparado para que todos se sentissem à vontade. Silvana Xavier, Vera da Rocha, Maria Helena da Silva e Sílvia de Campos abraçaram o lançamento com a dedicação e o carinho de quem sabe por que faz o que faz.



Graças ao Rafa MadVision e ao Ronaldo Santos, da banda carazinhense Auto Sugestão, este reencontro contou com trilha sonora – e trilha sonora de alto nível! Os meninos emprestaram ao evento o ritmo e a alegria que só a música é capaz de proporcionar.


Graças à artista Keli Rahmeier, de Não-Me-Toque, a noite foi colorida! Apresentando alguns de seus principais trabalhos, com suas cores e contornos característicos, foi a Keli quem deu o tom e o traço não só da capa e quarta capa do livro Coisas do Interior, mas de seu lançamento também.


Graças à fotógrafa Bia Barzotto, todos estes momentos estão eternizados, para ajudar nossa memória a lembrar por que foi tão importante. Sempre atenta e em movimento, contra todas as leis da física a Bia esteve em todos os lugares ao mesmo tempo, registrando instantes e transformando sentimentos em imagens.


Foi por causa do Afobório, sócio da editora, e do Fernão Duarte (que não é sócio, mas é como se fosse), que a venda e entrega dos livros, assim como o recolhimento dos alimentos (que serão doados ao Instituto Yacamim), ocorreram tranquilamente, sem filas nem confusão. 


A banda 5:18, de Não-Me-Toque, também deu o ar de sua graça através de sua música instrumental, que saía da caixa de som e passeava pelos nossos ouvidos antes e depois do Ronaldo e do Rafa tocarem.


Graças ao apoio do Renato Silveira de Souza, da RS Energia Solar, todo mundo pôde saborear petiscos delícias preparados pela equipe da biblioteca, que serviu pãezinhos e pastas pra galera não ficar de estômago vazio, além de café, sucos e água saborizada.



Mas, acima de tudo, esta noite foi tão especial por causa de você, que compareceu, que apoiou, que trocou uma ideia e um abraço.


Tudo, absolutamente tudo, foi feito por e para você.


É impossível nomear aqui todos que se fizeram presentes e deram sentido e significado ao trabalho empreendido – não só no lançamento, mas desde a primeira linha do primeiro texto que Goodman escreveu.


Muitas pessoas operam e cooperam para fazer a roda cultural local girar e girar. Contudo, essa roda não se move sem combustível e o combustível quem fornece é você, o público, que vai, que fica, que volta, que se diverte e troca e toca e aprende e ensina.


Afinal, o que é de um evento cultural, sem o público? O que é do público, sem a cultura? O que é de mim, sem nós? O que será de nós, sem cada um?


Obrigada a cada um que esteve na Biblioteca Pública Municipal de Carazinho na noite do dia 18 de fevereiro de 2022.


Obrigada a todos que apoiam a arte e os artistas de sua cidade, de seu estado, de seu país.


Obrigada a você!

Nós apenas (re)começamos.


Veja mais fotos do lançamento aqui.