Texto: Jana Lauxen
Fotos: Bia Barzotto e Silvana Xavier
Na live que fiz com o
escritor Carlos
Eduardo Goodman,
no dia 14 de fevereiro, não pude evitar a clássica pergunta: de onde vem a
inspiração para escrever? A resposta, igualmente clássica, geralmente é “da
vida”, “do dia a dia”, “do cotidiano”. Porém, Goodman fugiu do óbvio e respondeu “eu
tiro do interior”.
Não por
acaso, o seu livro de estreia chama-se, justamente, Coisas do Interior, e traz textos que passeiam por dentro e pelo
fundo, explorando e mergulhando em si, nos outros e nos caminhos e cenários
pelos quais se movimenta, ora como criador, ora como criatura.
Goodman sente quando escreve, muito mais
do que racionaliza. Revisita sua própria história e a reavalia, a ressignifica
e a reconstrói. É como cria identificação imediata com o leitor, que reconhece
seu próprio interior nos interiores que Carlos exterioriza.
Logo, o
lançamento de seu primeiro livro não poderia ser de outra maneira, senão 100% sensorial,
íntimo e aconchegante. Como a sua obra.
Também
porque foi o primeiro lançamento presencial da Editora Os Dez Melhores desde
que a pandemia mundial foi decretada, em março de 2020, e todos estavam
carentes de estar juntos outra vez.
Assim, no
fim da tarde do dia 18 de fevereiro de 2022, pudemos finalmente nos reencontrar
para celebrar aquilo que alivia a brutalidade dos dias: a arte, a música, a
literatura. A cultura. A beleza. Precisamos delas tanto quanto precisamos uns
dos outros – e de um jeito como nunca carecemos antes!
Porque
não fazemos nada sozinhos. Sós, somos peças soltas, isoladas e perdidas a rolar
por aí sem rumo. É só quando estamos juntos que a nossa existência se justifica
e se preenche. Afinal, o que é do editor sem o escritor? O que é do escritor
sem o leitor? O que é do leitor sem o livro? O que é do livro sem o editor?
É um ciclo, onde cada parte é fundamental para completar o todo.
Muitas
pessoas fizeram a noite do dia 18 de fevereiro acontecer do jeitinho que aconteceu.
Graças ao
trabalho irretocável da equipe da Biblioteca Guilherme Schultz Filho, de
Carazinho, fomos recebidos em um ambiente acolhedor e bonito, detalhadamente
preparado para que todos se sentissem à vontade. Silvana Xavier, Vera da Rocha,
Maria Helena da Silva e Sílvia de Campos abraçaram o lançamento com a dedicação
e o carinho de quem sabe por que faz o que faz.
Graças ao
Rafa MadVision e ao Ronaldo Santos, da banda carazinhense Auto Sugestão, este
reencontro contou com trilha sonora – e trilha sonora de alto nível! Os meninos
emprestaram ao evento o ritmo e a alegria que só a música é capaz de
proporcionar.
Graças à
artista Keli Rahmeier, de Não-Me-Toque, a noite foi colorida! Apresentando
alguns de seus principais trabalhos, com suas cores e contornos característicos,
foi a Keli quem deu o tom e o traço não só da capa e quarta capa do livro Coisas do Interior, mas de seu
lançamento também.
Graças à
fotógrafa Bia Barzotto, todos estes momentos estão eternizados, para ajudar
nossa memória a lembrar por que foi tão importante. Sempre atenta e em
movimento, contra todas as leis da física a Bia esteve em todos os lugares ao
mesmo tempo, registrando instantes e transformando sentimentos em imagens.
Foi por
causa do Afobório, sócio da editora, e do Fernão Duarte (que não é sócio, mas é
como se fosse), que a venda e entrega dos livros, assim como o recolhimento dos
alimentos (que serão doados ao Instituto Yacamim), ocorreram tranquilamente,
sem filas nem confusão.
A banda 5:18,
de Não-Me-Toque, também deu o ar de sua graça através de sua música
instrumental, que saía da caixa de som e passeava pelos nossos ouvidos antes e
depois do Ronaldo e do Rafa tocarem.
Graças ao
apoio do Renato Silveira de Souza, da RS Energia Solar, todo mundo pôde
saborear petiscos delícias preparados pela equipe da biblioteca, que serviu
pãezinhos e pastas pra galera não ficar de estômago vazio, além de café, sucos e
água saborizada.
Mas,
acima de tudo, esta noite foi tão especial por causa de você, que compareceu, que
apoiou, que trocou uma ideia e um abraço.
Tudo,
absolutamente tudo, foi feito por e para você.
É
impossível nomear aqui todos que se fizeram presentes e deram sentido e
significado ao trabalho empreendido – não só no lançamento, mas desde a
primeira linha do primeiro texto que Goodman escreveu.
Muitas
pessoas operam e cooperam para fazer a roda cultural local girar e girar. Contudo,
essa roda não se move sem combustível e o combustível quem fornece é você, o
público, que vai, que fica, que volta, que se diverte e troca e toca e aprende
e ensina.
Afinal, o
que é de um evento cultural, sem o público? O que é do público, sem a cultura?
O que é de mim, sem nós? O que será de nós, sem cada um?
Obrigada
a cada um que esteve na Biblioteca Pública Municipal de Carazinho na noite do
dia 18 de fevereiro de 2022.
Obrigada
a todos que apoiam a arte e os artistas de sua cidade, de seu estado, de seu
país.
Obrigada a você!
Nós apenas
(re)começamos.
Veja mais fotos do lançamento aqui.