Entrevista com a escritora Marinilce Schmitz, autora da obra “Celebre a Vida”,
próximo lançamento da Editora Os Dez Melhores!
Sabemos que o sofrimento traz
fortalecimento e sabedoria, e pessoas que já passaram por grandes dificuldades
costumam ser mais fortes, e muitas vezes mais felizes, que outras, que não
experimentaram (ainda) o amargo da vida.
Pode parecer contraditório, mas
a tristeza, quando encarada nos olhos, é capaz de se transformar em resistência
e entusiasmo, e então em renascimento.
“Celebre a Vida”, primeiro
livro da escritora carazinhense Marinilce Schmitz, trata justamente sobre isso: resistência, entusiasmo, renascimento. Marinilce
transformou sua dor e seus fantasmas em poesia, mas não se engane: “Celebre a
Vida” não é um livro de lamentações. Muito, muito pelo contrário.
Através
das 60 poesias reunidas na obra, Marinilce passeia sem medo pelos seus
sentimentos mais nobres e mais sombrios, esmiuçando suas próprias emoções na
tentativa de encontrar ali as respostas para suas perguntas. E ela encontra. E
divide com o leitor suas percepções sobre os anseios que permeiam e definem
cada um de nós.
Confira
abaixo a entrevista que realizamos com a autora, e conheça um pouco mais sobre
sua obra, seu processo criativo, suas inspirações, e sobre como Marinilce aprendeu
a celebrar a vida, com suas satisfações e alegrias, mas também com seus medos e
suas aflições.
Foto: Claudine Reinehr.
|
1. Quem é Marinilce Schmitz na visão de Marinilce
Schmitz?
Uma pessoa muito determinada,
disponível e pronta para ajudar. Tem uma missão muito importante: ser referência
para outros como alguém que busca sempre o seu melhoramento. Primo pela ética e
acredito em um mundo melhor.
2. Quais suas expectativas com relação ao
lançamento do seu primeiro livro, "Celebre
a Vida", que acontece dia 20 de novembro, no Sesc Carazinho?
Expectativas muito boas.
Confiante na aceitação das poesias que estão neste livro.
Foram escritas com muito amor e
carinho, e isso é possível perceber, segundo várias pessoas que já leram
algumas delas.
3. Como foi o processo de criação das 60 poesias
reunidas na obra "Celebre a Vida", e em
que momento você decidiu publicá-las em um livro?
Na verdade, já tenho muitas
outras poesias, e todas foram criadas espontaneamente, conforme as situações se
apresentavam para mim. Não tinha hora nem lugar.
Nosso pensamento é maravilhoso,
e as palavras simplesmente se formavam, compondo uma poesia em pouco tempo.
Detalhe para a forma como foram escritas, em rimas. Acho melodioso neste
formato.
4. Além da poesia, você já pensou em se aventurar
por outros gêneros literários, como o conto, a crônica, o romance?
Boa pergunta. A poesia já foi algo
surpreendente na minha vida; então, por que não deixar livre para outras
oportunidades surgirem?
5. Você possui uma rotina para escrever? Tem
alguma mania da qual não consiga abrir mão?
Como já comentei, a vontade de
escrever é espontânea. Levo sempre um caderno comigo e, conforme surge uma
ideia, eu anoto, para depois terminar de escrever, caso naquele momento não
tenha a oportunidade de fazer.
Foto: Claudine Reinehr.
|
6. Por que você escreve? A literatura, pra você,
é lazer ou dever? Transpiração ou inspiração?
A literatura hoje é lazer. Já
foi dever, e vejo o quanto perdi nesta fase, pois não entendia como poderia me
trazer prazer. Porque, mesmo se tratando de autores mais “difíceis”, sempre
temos o que aprender.
Escrevendo poesia, tive a
percepção de que inspiração e transpiração andam juntas, e que eu conseguia
expressar minhas emoções, como a alegria e a tristeza, colocando as palavras no
papel. Ainda não utilizo o computador para escrevê-las, pois me emociona
riscar, rasurar no papel. Assim percebo o meu crescimento até finalizá-las.
7. Como você e a literatura se conheceram? Como,
onde e por que tudo começou?
Sempre li muito, desde a minha
adolescência. Tenho lembranças boas dos meus professores, que me ajudaram a aprender a ler – porque precisamos aprender a gostar de ler. Não passamos a
apreciar a leitura num passe de mágica.
Através de muitas tentativas,
de muitos erros e acertos, podemos alcançar este aprendizado. Também é
importante respeitar as fases da vida, pois em cada uma delas temos
necessidades de leituras diferentes. Isso, para mim, é mágico, pois você pode
encontrar todas elas nos mais variados livros.
Tantos escritores já nos deram
tantas possibilidades de crescimento, basta avançar em suas obras e buscar o
que precisamos. Desacomodar e sair do papel de vítima da vida.
8. O que lhe inspira?
Não tenho uma linha definida:
uma flor, um pássaro, uma situação vivencial, tudo me inspira. Lembro de um dia
em que eu estava escrevendo com uma caneta lilás, e logo escrevi uma poesia
inspirada nela. Parece loucura, mas, sim: uma caneta lilás pode te inspirar a
fazer um poema.
“Pássaro lilás
O que você me traz?
Estou aqui escrevendo,
Com esta linda cor
Pouse aqui perto
e vamos conversar.
Você com seu canto,
Eu com minha poesia,
Faremos um belo par.
O lilás nos aproxima
E assim vamos continuar
Você e eu, em paz”.
9. Parte da renda obtida com a venda dos
exemplares da obra "Celebre a Vida"
será revertida em um projeto literário para o Yacamim, entidade que atende
crianças e adolescentes em situação de risco na cidade de Carazinho/RS.
Quando e por que você resolveu investir na
publicação de um livro escrito por crianças carentes?
Sempre me preocupei em auxiliar,
e tenho um viés muito forte com questões sociais. Na empresa que atuo, a TW Transportes, temos muito presente ações de responsabilidade social. E as
crianças são meu foco, por perceber que precisam de um olhar e um cuidado
especial, para que possam se tornar adultos ativos e saudáveis na sociedade.
O Yacamim atende mais de 200
crianças entre três e dezenove anos, e através de oficinas literárias poderemos
proporcionar a elas mais uma oportunidade de aprender a ler. Como falei antes, aprender a ler um livro pode
parecer redundante, mas é necessário auxílio para ser algo prazeroso.
Ademais, podemos descobrir
muitos talentos dentre estas crianças. Sempre acreditei muito nisso, e com a
parceria da Editora Os Dez Melhores, tenho esta certeza.
Aniversário de 09 anos do Yacamim, 2016. Foto: Fernão Duarte.
|
10. Em conversa recente, você me falou sobre a
Literapia, isto é: a literatura empregada como tratamento terapêutico. Você
acredita que escrever pode colaborar para o restabelecimento emocional de
alguém? Caso sim, como?
Já comentei muito com nossa
querida Jana (Lauxen, editora da obra) o quanto estou me realizando escrevendo,
e agora publicando um livro.
Escrever é sublimar as tuas
emoções, mesmo aquelas que você já elaborou com muito carinho e atenção, pois
todas estas emoções são suas. Temos que aprender a gostar também dos
sentimentos “ruins”, como a tristeza, o medo, a angústia, a raiva.
Quando escrevo, tenho uma
conversa com todos eles, e isso é libertador. Se todos tivessem consigo um
caderno e, antes de falar, escrevessem, tenho certeza que muitos discursos
seriam diferentes.
Não precisa escrever um livro
para ser publicado; você pode escrever para deixar um registro para seus filhos
e amigos. Escrever sobre sua caminhada, escrever para você mesmo. É muito bom
ler o que se escreveu, e ver se avançamos ou não.
A editora Jana Lauxen e Marinilce
Schmitz, na assinatura do contrato de edição. Foto: arquivo pessoal.
|
11. Enquanto leitora de poesia, quais autores
você mais admira?
Bom, eu não sou leitora somente
de poesia, e isso me faz escrever fora de um único padrão.
Admiro muitos escritores, e
aqui cito Rubem Alves, Lya Luft, Machado de Assis, Eça de Queirós e, com muito
carinho, José Bento Monteiro Lobato, que sustentava que um país se faz com
homens e com livros. Eu faço das palavras dele também as minhas.
12. E para encerrar, Mari, quais são seus
projetos literários para 2017?
Estou começando com calma. Falar
em projetos é muito provocador, mas quero, sim, publicar um segundo livro, e participar
ativamente das oficinas literárias no Yacamim. Entendo que auxiliar é estar
presente. E como diz um velho provérbio chinês: sempre fica um pouco de perfume
nas mãos de quem oferece rosas.
Bate-Bola
· Livro: “Médico de
Homens e de Almas”, de Taylor Caldwell
· Escritor(a): Rubem Alves
· Vício: Organização
· Poesia: Realização
·
Ídolo:
Jesus
· Música: Aleluia
· Trabalho: Desenvolvimento
· Paixão: Meus filhos
· Indignação: Abuso de crianças
· Fé: Alimento da alma
· Literatura: Brasileira
· Desconforto: Fofoca
· Inesquecível: Ser mãe
· Celebrar a
Vida: Gratidão