Texto: Jana Lauxen.
Fotos: Fernão Duarte, Felipe Granville e Amanda Rodrigues.
“A arte existe para
que a realidade não nos destrua”, disse certa vez um cara chamado Nietzsche.
Nietzsche está
certo.
A arte é
responsável por canalizar todos os nossos sentimentos e sensações –
especialmente aqueles com os quais não gostamos de lidar.
A arte filtra e
higieniza nossa mente, transformando o que poderia ser um problema, em uma
solução. Seja produzindo, seja consumindo, o ser humano foi feito para a arte,
e vice-versa.
É na arte e na
cultura que se encontra a chave que abre as portas de qualquer prisão.
Por Felipe Granville. |
E é exatamente por
isso que a noite de 08 de outubro de 2016 foi especial. A 4ª Mostra de Arte do Saloon reuniu
artistas e simpatizantes de diferentes cidades, de diferentes áreas, de
diferentes idades e sexo e classe social, e mostrou que, quando o assunto é
cultura, não há muros capazes de nos separar.
Por Felipe Granville. |
A Mostra iniciou às 20h de um sábado de
céu limpo, porém frio e ventoso, e de cara trouxe novidades: ao invés de ocupar
somente o último ambiente do Rancho Cavalo de Troia, a Mostra de Arte
se espalhou também pelo saguão, onde um palco foi montado para as apresentações
do Sarau Musical.
Deste modo, o
espaço para os expositores e para o público aumentou, e mesmo assim permaneceu
cheio durante todo o tempo.
Esta também foi a
edição na qual mais artistas participaram – foram cerca de 20 expositores, 05
atrações no Sarau Musical e 05 shows
no palco principal; totalizando mais de 50 artistas!
A 4ª edição da Mostra trouxe ainda muitos novos
artistas – boa parte deles estreando em exposições de arte, e mostrando seu
trabalho ao público pela primeira vez.
Por Felipe Granville. |
É o caso de Keli Rahmeier, ilustradora de Não-Me-Toque, que além de expor suas obras pela
primeira vez, produziu cerca de 10 (DEZ!) trabalhos em menos de uma (UMA!) semana –
sendo um mais incrível que o outro. O motivo? Ela havia parado de desenhar e,
após o convite para a Mostra,
sentiu-se novamente inspirada e determinada a criar. Daí não parou mais.
Os trabalhos que Keli
apresentou são repletos de personalidade e sentimentos, e comprovam
cientificamente que ela não deve, nunca mais, parar de desenhar. Continue, Keli!
Por Felipe Granville. |
A artista plástica
Alexandra Braun, também de Não-Me-Toque, foi outra grata e grande presença. Com
um trabalho autoral delicado, porém intenso, expôs pela segunda vez – sua estreia
foi no Aniversário Cultural da Casa da Cultura de Não-Me-Toque, que aconteceu em setembro deste ano.
Como Ale bem disse,
a oportunidade de mostrar seu trabalho estimula o artista a “sair do armário”.
E tudo o que queremos nesta vida é tirar todos os artistas do armário. Saiam do
armário, gente! ;)
Por Amanda Rodrigues. |
Nelson Arnhold também
estreou divulgando suas ilustrações. Descobri Nelson no Facebook, por acaso,
quando ele publicou alguns de seus desenhos, e o convidei na hora para a Mostra de Arte. Estudante da Escola Estadual Ernesta Nunes, de Carazinho, Nelson expressou segurança e criatividade
em seus traços.
Enquanto isso, o
grupo Soul Liberi – trio genial
formado por Tiago Kreutzer no violoncelo, Patrícia Gerlach no vocal e Douglas da Costa Rufatto no violão – abria as apresentações do Sarau Musical, provando que não estão no mundo a passeio.
O Soul Liberi é novo, mas já nasceu
maduro e notável. Seu show recebeu aplausos e elogios do público, que não
arredou o pé da frente do palco durante toda a apresentação.
Por Amanda Rodrigues. |
O projeto Fanzines na Sala de Aula, liderado pela
professora Cinthia Monicck Lucero, também marcou presença, expondo os fanzines
produzidos pelos seus alunos.
Por Felipe Granville. |
O bacana é que Cinthia
reuniu alguns dos estudantes/autores, e levou todo mundo para a Mostra de Arte – promovendo assim uma
experiência inédita aos seus alunos, e estimulando-os a continuar produzindo.
Parabéns pela iniciativa e interesse, Cinthia!
O fotógrafo Rafael Salles também expôs pela primeira vez na Mostra
de Arte, e apresentou suas fotografias afixadas em caixas de papelão, proporcionando
uma apresentação diferente e original ao público. Seu trabalho, de grande
sensibilidade e percepção, certamente não demorará a conquistar espaço, público
e admiração em Carazinho e região.
No palco do Sarau Musical era a vez de Leonardo Becker, sua voz e seu violão, tocando clássicos do rock nacional e
internacional, e mostrando por que é parceiro fiel da Mostra de Arte.
Por Felipe Granville. |
Após, a cantora Jéssica Souza se juntou a ele, e juntos apresentaram um dueto impecável e cativante,
bonito de ver e ouvir.
Importante citar
que, apesar da harmonia e sintonia, esta foi a primeira vez que Jéssica e Leonardo
se apresentaram juntos, a convite do DJ Christiano Naza. Torçamos fortemente para
que seja a primeira, de muitas e muitas outras apresentações.
A multitalentosa Tita Growl é amiga de infância da Mostra de
Arte, e também do Rancho Cavalo de
Troia, e já fez de tudo um pouco por lá: cantou, tocou, curtiu, dançou, leu trechos do seu livro, Tentando me Distrair... Mas, desta vez, Tita desembarcou na Mostra de Arte para apresentar sua coleção de roupas rockabilly, atestando
que, além de música e literatura, Tita também manja de moda.
Por Felipe Granville. |
Chamar a
queridíssima Eloá Zago de artista parece pouco. Porque Eloá não apenas produz
ou consome arte; ela é arte.
Através do projeto Vejo Flores em Você, e cheia de carinho
e boas energias, Eloá distribuiu abraços, sorrisos, e presenteou o público com
seus (lindos) colares de pedra. Junto com cada colar, um bilhetinho escrito à
mão:
“Que o caminho se abra à sua frente. Que o
vento sopre suave nas suas costas. Que o sol brilhe morno em seu rosto. Que a
chuva caia de mansinho em seus campos. E, até nos encontrarmos de novo, que
Deus te guarde nas palmas de suas mãos”.
É possível não amar
a Eloá? Não.
O fotógrafo Igor Reschke – responsável pela cobertura fotográfica do lançamento da obra Conte um Conto Vol. I, o primeiro livro
publicado pela Editora Os Dez Melhores,
em novembro de 2013 – também estreou na Mostra
de Arte, e apresentou um trabalho detalhista e profissional – além da
simpatia de sempre.
Ao mesmo tempo em
que tudo isso acontecia, no Sarau
Musical o Two Old Dogs, projeto
acústico formado pelos músicos Jean Montano e Marcelo Zanoni, de Getúlio
Vargas, mantinha a trilha sonora da Mostra
de Arte em alto nível.
Larissa Berwig,
fotógrafa natural de Carazinho, e que atualmente reside no Rio de Janeiro, expôs
seu primoroso trabalho fotográfico, representada pela sua irmã, a querida Caterine Berwig.
Larissa possui um
trabalho autoral de grande relevância, e suas fotos transmitem tamanha
naturalidade, que parece que as modelos sequer sabiam que estavam sendo
fotografadas.
Por Felipe Granville. |
A fotógrafa Amanda Rodrigues marcou presença novamente – mas, desta vez, não só como público, mas também
como artista expositora.
Apesar de muito
jovem, Amanda já possui um olhar aguçado e um senso de observação bastante
marcante, permitindo que o público “entre” em suas fotografias e faça parte de
seus cenários.
Por Amanda Rodrigues. |
Alisson TattooFactory foi outro artista que expôs pela primeira vez na Mostra de Arte, e apresentou um
trabalho sensacional. Alisson produz luminárias com o desenho que você quiser,
e realiza no vidro e no acrílico um trabalho muito próximo ao do tatuador.
Vale a pena conhecer as peças elaboradas por Alisson, e redecorar sua casa e sua vida com
luz e criatividade.
Por Felipe Granville. |
Sidnei Gean, da Sid Desenhos, não
poderia faltar, e mais uma vez surpreendeu todo mundo com suas ilustrações
cheias de originalidade, individualidade, traços fortes e extremamente detalhados.
Sidnei produziu durante o evento, como de costume, e fez o impossível parecer
fácil.
Grandes parceiros, Fill ChapelletArtes e Raquel Schneider também marcaram presença, e apresentaram
diferentes trabalhos envolvendo artesanato, ilustração, artes plásticas e
literatura.
A novidade ficou
por conta dos mini zines produzidos por Raquel, feitos em dobradura, cada um com
mensagens e desenhos super bacanas. Eu garanti o meu.
Por Amanda Rodrigues. |
Janaina Bueno, da Jana Artesanatos, montou sua banca, olhou para ela, me olhou e falou: “minha banca
tá magrinha, xará”. O motivo: Jana vem conquistando uma clientela fiel, e
acabou vendendo a maioria das peças que possuía antes da Mostra de Arte.
Janaina possui um
trabalho meticuloso e impecável, cheio de criatividade, e já desbravou trevos e
fronteiras: suas peças estão disponíveis para venda na Loja Beija-Flor, de Não-Me-Toque,
e também pela internet. Ou pessoalmente. Sugiro pessoalmente, porque a Jana é
uma pessoa incrível, que você vai gostar de conhecer. Grande parceira da Mostra de Arte e da Editora Os Dez Melhores, é uma amiga
pessoal e especial.
Por Felipe Granville. |
Mostra de Arte sem Priscila Pezzini não é Mostra de Arte. Amiga querida e
parceira obstinada – ela participou da primeira edição da Mostra, em agosto de 2015, e desde lá não a largamos mais – Pri
possui um trabalho de pirografia impressionante, e além de criar, reproduz
qualquer imagem em madeira.
Pri também trabalha
com artesanato, e suas peças realmente merecem um lugar na sua casa. Acredite.
Por Felipe Granville. |
O fotógrafo Lauro Markz participou pela primeira vez da Mostra
de Arte, e apresentou uma série de fotografias dos bastidores de ações
promovidas por marcas, revistas e mídias da indústria do skateboard em países
como República Tcheca, Bélgica, Portugal, França e Espanha, além de Argentina,
Uruguai e Brasil. Lauro juntou-se ao bando faz pouco tempo, mas já é um
parceiro fiel e fundamental.
Bruna Anacleto e Felipe Granville também fizeram parte da 4ª edição da Mostra de Arte através do Projeto
Kãgran: Retratos de Uma Sociedade Interétnica, que busca mostrar, por meio
de fotos e vídeos, a resistência e a permanência indígena kaingang nos centros
urbanos – especialmente em Carazinho/RS: o projeto foi desenvolvido na
Comunidade Kaingang
Váycupry, que vive nas margens da BR 386.
O mágico e
hipnólogo Jim Gauto, figura única e confirmada em toda Mostra de Arte, pra variar deixou de queixo caído quem se arriscou permitindo que ele entrasse em sua mente – literalmente. Literalmente mesmo.
Por Felipe Granville. |
Já passava das 23h
quando a banda instrumental 5:18, de
Não-Me-Toque, subiu no palco principal para o show de transição entre o Sarau Musical e a 14ª edição da Casa do Rock.
O trio, formado por
Lêo Schallenberg, Laércio Schallenberg e Ricardo Becker, além de competência e
talento, mostrou carisma e conexão com o público, que se manteve em frente ao
palco durante toda sua apresentação.
A Editora Os Dez Melhores, em parceria
com a Café Espacial, levou para o Rancho todos os livros de seu catálogo,
além de edições da revista Café Espacial
e muitos brindes, como cartões e marcadores de páginas.
Quem chegou à banca
pôde ler trechos dos livros e revistas, comprar exemplares com desconto, e
trocar muitas ideias e figurinhas.
Por Felipe Granville. |
Nas primeiras horas
da madrugada de domingo a banda Chapeleiros de Vênus, de Passo Fundo, abriu (com chave de ouro, diga-se de passagem) as
portas da 14ª edição da Casa do Rock,
e colocou o público pra curtir.
Em seguida foi a
vez da Calígula, banda de Lagoa
Vermelha, e cujo setlist é digno de ser degustado.
Los Marias, por sua vez, mostrou por que
vem ganhando cada vez mais espaço e admiradores na região: com um repertório
autoral de extrema qualidade, os meninos de Passo Fundo estabeleceram um
vínculo imediato e consistente com o público, que não somente assistiu como
interagiu, e acabou fazendo parte do show – tanto quanto os próprios músicos.
Los Marias deu um espetáculo musical e
cognitivo do qual – acredite – você vai querer fazer parte. Se tiver a
oportunidade de conferir, não perca por nada neste mundo.
E quem ficou até o
fim não se arrependeu. A banda de punk rock Aknator, de Farroupilha, manteve o público na frente do palco,
impetuoso e entusiasmado.
O palco ainda
estava em chamas quando a DIRT subiu,
para encerrar em grande estilo uma noite que certamente ficará na lembrança e
no coração de todos que fizeram este evento acontecer.
E quem foram estas
pessoas, que fizeram da 4ª Mostra de
Arte realidade?
São muitas.
Tantas, que é quase
impossível citar todas aqui.
Por Felipe Granville. |
Por isso,
agradecemos primeiramente ao público, que desde cedo se fez presente, e
prestigiou todos os artistas e atrações.
Obrigada pelo
carinho, pelo apoio, pelos abraços apertados, e por incentivar a arte e os
artistas daqui, da nossa cidade, da nossa região. Vocês são a causa e a consequência
da Mostra de Arte existir.
Nossos
agradecimentos para o Rancho Cavalo de Troia e para a Sítar Agency,
pelo suporte, pelo espaço, pela oportunidade, e por abrir as portas pra gente
entrar.
Agradecer ao
parceiro, amigo e DJ Christiano Naza, que além de ser o responsável pelo som do
evento, cuidou com todo o carinho e profissionalismo das atrações do Sarau Musical, sendo fundamental para o
sucesso da 4ª edição da Mostra de Arte.
Grande Naza, valeu
mesmo!
Nosso muito
obrigada também ao Fernão Duarte, amigo, aliado, parceiro, praticamente sócio
da Editora Os Dez Melhores, que,
como sempre, registrou cada detalhe do evento com precisão e singularidade. No
final, eram 650 fotos, e uma Jana Lauxen louca tentando montar um álbum com
pouco mais de 200 (confere o resultado desta trabalheira toda clicando aqui).
Agradecer, é claro,
aos expositores, pela parceria de sempre, pela confiança de sempre, pela
amizade de sempre. Sem vocês, não haveria Mostra
de Arte! Sem vocês, não haveria sequer arte em Carazinho e região!
Por Felipe Granville. |
Agradecer
muitíssimo aos músicos que se apresentaram, tanto no Sarau Musical, quanto no palco principal. Vocês deram o tom e o
ritmo da 4ª Mostra de Arte do Saloon!
Agradecer,
inclusive, aos artistas que nos procuraram durante o evento, mostrando
interesse em participar das futuras edições. Saibam que são todos muito bem-vindos;
e que o bando é aberto, acessível, que não existe panelinha. Aqui, somos todos
frigideiras, sem tampa, sem limitações, sem preconceito, livres e culturalmente
promíscuos. ;)
Talvez a força
deste movimento, a força deste bando, esteja justamente no fato de que, aqui,
não existem cadeados, grades, paredes, muros, divisórias, hierarquia, rótulos. Só existem pessoas.
Pessoas que, além
de falar, querem fazer.
E fazem.
Pessoas capazes de
entender que teoria sem prática vira ladainha; conversa mole pra boi dormir.
Pessoas que
conhecem e reconhecem a importância da cultura para nossa independência
intelectual, política, cidadã, individual, coletiva, global.
Pessoas que sabem
que revolução sem ação não faz sentido, e discursar nunca será maior e mais
eficiente do que realizar.
Por Amanda Rodrigues. |
Pessoas dispostas a
dar a mão para outras pessoas.
Por Amanda Rodrigues. |
Pessoas que
enxergam na arte uma forma de se manter vivo e lúcido em um mundo onde, tantas
e tantas vezes, a realidade tenta nos destruir.
Por Felipe Granville. |
A fé no futuro foi
restaurada com sucesso. ;)