segunda-feira, 17 de outubro de 2016

4ª Mostra de Arte do Saloon: uma noite para não esquecer

Texto: Jana Lauxen.

“A arte existe para que a realidade não nos destrua”, disse certa vez um cara chamado Nietzsche.
Nietzsche está certo.
A arte é responsável por canalizar todos os nossos sentimentos e sensações – especialmente aqueles com os quais não gostamos de lidar.
A arte filtra e higieniza nossa mente, transformando o que poderia ser um problema, em uma solução. Seja produzindo, seja consumindo, o ser humano foi feito para a arte, e vice-versa.
É na arte e na cultura que se encontra a chave que abre as portas de qualquer prisão.

Por Felipe Granville.

E é exatamente por isso que a noite de 08 de outubro de 2016 foi especial. A 4ª Mostra de Arte do Saloon reuniu artistas e simpatizantes de diferentes cidades, de diferentes áreas, de diferentes idades e sexo e classe social, e mostrou que, quando o assunto é cultura, não há muros capazes de nos separar.

Por Felipe Granville.

A Mostra iniciou às 20h de um sábado de céu limpo, porém frio e ventoso, e de cara trouxe novidades: ao invés de ocupar somente o último ambiente do Rancho Cavalo de Troia, a Mostra de Arte se espalhou também pelo saguão, onde um palco foi montado para as apresentações do Sarau Musical.


Deste modo, o espaço para os expositores e para o público aumentou, e mesmo assim permaneceu cheio durante todo o tempo.


Esta também foi a edição na qual mais artistas participaram – foram cerca de 20 expositores, 05 atrações no Sarau Musical e 05 shows no palco principal; totalizando mais de 50 artistas!


A 4ª edição da Mostra trouxe ainda muitos novos artistas – boa parte deles estreando em exposições de arte, e mostrando seu trabalho ao público pela primeira vez.

Por Felipe Granville.

É o caso de Keli Rahmeier, ilustradora de Não-Me-Toque, que além de expor suas obras pela primeira vez, produziu cerca de 10 (DEZ!) trabalhos em menos de uma (UMA!) semana – sendo um mais incrível que o outro. O motivo? Ela havia parado de desenhar e, após o convite para a Mostra, sentiu-se novamente inspirada e determinada a criar. Daí não parou mais.


Os trabalhos que Keli apresentou são repletos de personalidade e sentimentos, e comprovam cientificamente que ela não deve, nunca mais, parar de desenhar. Continue, Keli!

Por Felipe Granville.

A artista plástica Alexandra Braun, também de Não-Me-Toque, foi outra grata e grande presença. Com um trabalho autoral delicado, porém intenso, expôs pela segunda vez – sua estreia foi no Aniversário Cultural da Casa da Cultura de Não-Me-Toque, que aconteceu em setembro deste ano.


Como Ale bem disse, a oportunidade de mostrar seu trabalho estimula o artista a “sair do armário”. E tudo o que queremos nesta vida é tirar todos os artistas do armário. Saiam do armário, gente! ;)

Por Amanda Rodrigues.

Nelson Arnhold também estreou divulgando suas ilustrações. Descobri Nelson no Facebook, por acaso, quando ele publicou alguns de seus desenhos, e o convidei na hora para a Mostra de Arte. Estudante da Escola Estadual Ernesta Nunes, de Carazinho, Nelson expressou segurança e criatividade em seus traços.


Enquanto isso, o grupo Soul Liberi – trio genial formado por Tiago Kreutzer no violoncelo, Patrícia Gerlach no vocal e Douglas da Costa Rufatto no violão – abria as apresentações do Sarau Musical, provando que não estão no mundo a passeio.


O Soul Liberi é novo, mas já nasceu maduro e notável. Seu show recebeu aplausos e elogios do público, que não arredou o pé da frente do palco durante toda a apresentação.

Por Amanda Rodrigues.

O projeto Fanzines na Sala de Aula, liderado pela professora Cinthia Monicck Lucero, também marcou presença, expondo os fanzines produzidos pelos seus alunos.

Por Felipe Granville.

O bacana é que Cinthia reuniu alguns dos estudantes/autores, e levou todo mundo para a Mostra de Arte – promovendo assim uma experiência inédita aos seus alunos, e estimulando-os a continuar produzindo. Parabéns pela iniciativa e interesse, Cinthia!


O fotógrafo Rafael Salles também expôs pela primeira vez na Mostra de Arte, e apresentou suas fotografias afixadas em caixas de papelão, proporcionando uma apresentação diferente e original ao público. Seu trabalho, de grande sensibilidade e percepção, certamente não demorará a conquistar espaço, público e admiração em Carazinho e região.


No palco do Sarau Musical era a vez de Leonardo Becker, sua voz e seu violão, tocando clássicos do rock nacional e internacional, e mostrando por que é parceiro fiel da Mostra de Arte.

Por Felipe Granville.

Após, a cantora Jéssica Souza se juntou a ele, e juntos apresentaram um dueto impecável e cativante, bonito de ver e ouvir.


Importante citar que, apesar da harmonia e sintonia, esta foi a primeira vez que Jéssica e Leonardo se apresentaram juntos, a convite do DJ Christiano Naza. Torçamos fortemente para que seja a primeira, de muitas e muitas outras apresentações. 


A multitalentosa Tita Growl é amiga de infância da Mostra de Arte, e também do Rancho Cavalo de Troia, e já fez de tudo um pouco por lá: cantou, tocou, curtiu, dançou, leu trechos do seu livro, Tentando me Distrair... Mas, desta vez, Tita desembarcou na Mostra de Arte para apresentar sua coleção de roupas rockabilly, atestando que, além de música e literatura, Tita também manja de moda.

Por Felipe Granville.

Chamar a queridíssima Eloá Zago de artista parece pouco. Porque Eloá não apenas produz ou consome arte; ela é arte.


Através do projeto Vejo Flores em Você, e cheia de carinho e boas energias, Eloá distribuiu abraços, sorrisos, e presenteou o público com seus (lindos) colares de pedra. Junto com cada colar, um bilhetinho escrito à mão:
Que o caminho se abra à sua frente. Que o vento sopre suave nas suas costas. Que o sol brilhe morno em seu rosto. Que a chuva caia de mansinho em seus campos. E, até nos encontrarmos de novo, que Deus te guarde nas palmas de suas mãos”.
É possível não amar a Eloá? Não.


O fotógrafo Igor Reschke – responsável pela cobertura fotográfica do lançamento da obra Conte um Conto Vol. I, o primeiro livro publicado pela Editora Os Dez Melhores, em novembro de 2013 – também estreou na Mostra de Arte, e apresentou um trabalho detalhista e profissional – além da simpatia de sempre.


Ao mesmo tempo em que tudo isso acontecia, no Sarau Musical o Two Old Dogs, projeto acústico formado pelos músicos Jean Montano e Marcelo Zanoni, de Getúlio Vargas, mantinha a trilha sonora da Mostra de Arte em alto nível.


Larissa Berwig, fotógrafa natural de Carazinho, e que atualmente reside no Rio de Janeiro, expôs seu primoroso trabalho fotográfico, representada pela sua irmã, a querida Caterine Berwig.


Larissa possui um trabalho autoral de grande relevância, e suas fotos transmitem tamanha naturalidade, que parece que as modelos sequer sabiam que estavam sendo fotografadas.

Por Felipe Granville.

A fotógrafa Amanda Rodrigues marcou presença novamente – mas, desta vez, não só como público, mas também como artista expositora.


Apesar de muito jovem, Amanda já possui um olhar aguçado e um senso de observação bastante marcante, permitindo que o público “entre” em suas fotografias e faça parte de seus cenários.

Por Amanda Rodrigues.

Alisson TattooFactory foi outro artista que expôs pela primeira vez na Mostra de Arte, e apresentou um trabalho sensacional. Alisson produz luminárias com o desenho que você quiser, e realiza no vidro e no acrílico um trabalho muito próximo ao do tatuador.


Vale a pena conhecer as peças elaboradas por Alisson, e redecorar sua casa e sua vida com luz e criatividade.

Por Felipe Granville.

Sidnei Gean, da Sid Desenhos, não poderia faltar, e mais uma vez surpreendeu todo mundo com suas ilustrações cheias de originalidade, individualidade, traços fortes e extremamente detalhados. Sidnei produziu durante o evento, como de costume, e fez o impossível parecer fácil.


Grandes parceiros, Fill ChapelletArtes e Raquel Schneider também marcaram presença, e apresentaram diferentes trabalhos envolvendo artesanato, ilustração, artes plásticas e literatura.


A novidade ficou por conta dos mini zines produzidos por Raquel, feitos em dobradura, cada um com mensagens e desenhos super bacanas. Eu garanti o meu.

Por Amanda Rodrigues.

Janaina Bueno, da Jana Artesanatos, montou sua banca, olhou para ela, me olhou e falou: “minha banca tá magrinha, xará”. O motivo: Jana vem conquistando uma clientela fiel, e acabou vendendo a maioria das peças que possuía antes da Mostra de Arte.


Janaina possui um trabalho meticuloso e impecável, cheio de criatividade, e já desbravou trevos e fronteiras: suas peças estão disponíveis para venda na Loja Beija-Flor, de Não-Me-Toque, e também pela internet. Ou pessoalmente. Sugiro pessoalmente, porque a Jana é uma pessoa incrível, que você vai gostar de conhecer. Grande parceira da Mostra de Arte e da Editora Os Dez Melhores, é uma amiga pessoal e especial.

Por Felipe Granville.

Mostra de Arte sem Priscila Pezzini não é Mostra de Arte. Amiga querida e parceira obstinada – ela participou da primeira edição da Mostra, em agosto de 2015, e desde lá não a largamos mais – Pri possui um trabalho de pirografia impressionante, e além de criar, reproduz qualquer imagem em madeira.


Pri também trabalha com artesanato, e suas peças realmente merecem um lugar na sua casa. Acredite.

Por Felipe Granville.

O fotógrafo Lauro Markz participou pela primeira vez da Mostra de Arte, e apresentou uma série de fotografias dos bastidores de ações promovidas por marcas, revistas e mídias da indústria do skateboard em países como República Tcheca, Bélgica, Portugal, França e Espanha, além de Argentina, Uruguai e Brasil. Lauro juntou-se ao bando faz pouco tempo, mas já é um parceiro fiel e fundamental.


Bruna Anacleto e Felipe Granville também fizeram parte da 4ª edição da Mostra de Arte através do Projeto Kãgran: Retratos de Uma Sociedade Interétnica, que busca mostrar, por meio de fotos e vídeos, a resistência e a permanência indígena kaingang nos centros urbanos – especialmente em Carazinho/RS: o projeto foi desenvolvido na Comunidade Kaingang Váycupry, que vive nas margens da BR 386.


O mágico e hipnólogo Jim Gauto, figura única e confirmada em toda Mostra de Arte, pra variar deixou de queixo caído quem se arriscou permitindo que ele entrasse em sua mente – literalmente. Literalmente mesmo.

Por Felipe Granville.

Já passava das 23h quando a banda instrumental 5:18, de Não-Me-Toque, subiu no palco principal para o show de transição entre o Sarau Musical e a 14ª edição da Casa do Rock.


O trio, formado por Lêo Schallenberg, Laércio Schallenberg e Ricardo Becker, além de competência e talento, mostrou carisma e conexão com o público, que se manteve em frente ao palco durante toda sua apresentação.


A Editora Os Dez Melhores, em parceria com a Café Espacial, levou para o Rancho todos os livros de seu catálogo, além de edições da revista Café Espacial e muitos brindes, como cartões e marcadores de páginas.


Quem chegou à banca pôde ler trechos dos livros e revistas, comprar exemplares com desconto, e trocar muitas ideias e figurinhas.

Por Felipe Granville.

Nas primeiras horas da madrugada de domingo a banda Chapeleiros de Vênus, de Passo Fundo, abriu (com chave de ouro, diga-se de passagem) as portas da 14ª edição da Casa do Rock, e colocou o público pra curtir.


Em seguida foi a vez da Calígula, banda de Lagoa Vermelha, e cujo setlist é digno de ser degustado.


Los Marias, por sua vez, mostrou por que vem ganhando cada vez mais espaço e admiradores na região: com um repertório autoral de extrema qualidade, os meninos de Passo Fundo estabeleceram um vínculo imediato e consistente com o público, que não somente assistiu como interagiu, e acabou fazendo parte do show – tanto quanto os próprios músicos.


Los Marias deu um espetáculo musical e cognitivo do qual – acredite – você vai querer fazer parte. Se tiver a oportunidade de conferir, não perca por nada neste mundo.


E quem ficou até o fim não se arrependeu. A banda de punk rock Aknator, de Farroupilha, manteve o público na frente do palco, impetuoso e entusiasmado.


O palco ainda estava em chamas quando a DIRT subiu, para encerrar em grande estilo uma noite que certamente ficará na lembrança e no coração de todos que fizeram este evento acontecer.


E quem foram estas pessoas, que fizeram da 4ª Mostra de Arte realidade?
São muitas.
Tantas, que é quase impossível citar todas aqui.

Por Felipe Granville.

Por isso, agradecemos primeiramente ao público, que desde cedo se fez presente, e prestigiou todos os artistas e atrações.


Obrigada pelo carinho, pelo apoio, pelos abraços apertados, e por incentivar a arte e os artistas daqui, da nossa cidade, da nossa região. Vocês são a causa e a consequência da Mostra de Arte existir.


Nossos agradecimentos para o Rancho Cavalo de Troia e para a Sítar Agency, pelo suporte, pelo espaço, pela oportunidade, e por abrir as portas pra gente entrar.


Agradecer ao parceiro, amigo e DJ Christiano Naza, que além de ser o responsável pelo som do evento, cuidou com todo o carinho e profissionalismo das atrações do Sarau Musical, sendo fundamental para o sucesso da 4ª edição da Mostra de Arte.
Grande Naza, valeu mesmo!


Nosso muito obrigada também ao Fernão Duarte, amigo, aliado, parceiro, praticamente sócio da Editora Os Dez Melhores, que, como sempre, registrou cada detalhe do evento com precisão e singularidade. No final, eram 650 fotos, e uma Jana Lauxen louca tentando montar um álbum com pouco mais de 200 (confere o resultado desta trabalheira toda clicando aqui).


Agradecer, é claro, aos expositores, pela parceria de sempre, pela confiança de sempre, pela amizade de sempre. Sem vocês, não haveria Mostra de Arte! Sem vocês, não haveria sequer arte em Carazinho e região!

Por Felipe Granville.

Agradecer muitíssimo aos músicos que se apresentaram, tanto no Sarau Musical, quanto no palco principal. Vocês deram o tom e o ritmo da 4ª Mostra de Arte do Saloon!


Agradecer, inclusive, aos artistas que nos procuraram durante o evento, mostrando interesse em participar das futuras edições. Saibam que são todos muito bem-vindos; e que o bando é aberto, acessível, que não existe panelinha. Aqui, somos todos frigideiras, sem tampa, sem limitações, sem preconceito, livres e culturalmente promíscuos. ;)


Talvez a força deste movimento, a força deste bando, esteja justamente no fato de que, aqui, não existem cadeados, grades, paredes, muros, divisórias, hierarquia, rótulos. Só existem pessoas.


Pessoas que, além de falar, querem fazer.
E fazem.


Pessoas capazes de entender que teoria sem prática vira ladainha; conversa mole pra boi dormir.


Pessoas que conhecem e reconhecem a importância da cultura para nossa independência intelectual, política, cidadã, individual, coletiva, global.


Pessoas que sabem que revolução sem ação não faz sentido, e discursar nunca será maior e mais eficiente do que realizar. 

Por Amanda Rodrigues.

Pessoas dispostas a dar a mão para outras pessoas.

Por Amanda Rodrigues.

Pessoas que enxergam na arte uma forma de se manter vivo e lúcido em um mundo onde, tantas e tantas vezes, a realidade tenta nos destruir.

Por Felipe Granville.

A fé no futuro foi restaurada com sucesso. ;)


Veja mais fotos do evento clicando aqui, aqui e aqui.