Por Jana Lauxen.
Ciência e maldição, bem e
mal, fé e dúvida, herói e vilão, ceticismo e credulidade. Serão mesmo extremos
opostos que se repelem? Ou, justamente por serem extremos opostos, se atraem?
Estas são algumas das muitas
perguntas que a obra O Cálice de Ouro,
da escritora baiana Jussara Pires, traz ao leitor em suas entrelinhas,
questionando-o em suas convicções exatamente como acontece com Merlia Fiebe, a protagonista deste romance repleto de
suspense, aventura e reviravoltas.
Tudo começa quando as
arqueólogas Merlia e Vera se
deparam com um artefato tão remoto quanto misterioso, que contradiz tudo o que
sabiam até então a respeito da presença do homem na América do Sul. Comprovando
a existência de uma civilização mais antiga, mais complexa e ainda totalmente
desconhecida, as cientistas embarcam em uma jornada por grutas, escrituras
ancestrais, segredos, tesouros e enigmas, que termina por colocar em risco não
apenas suas vidas e suas certezas; mas a vida humana e todos os seus princípios
morais.
Lançado em julho deste ano
pela Editora Os Dez Melhores, O Cálice
de Ouro é um livro de leitura leve e dinâmica, que prende o leitor da
primeira até a última linha, envolvendo-o em uma trama da qual sente fazer
parte; transformando-o em mais um personagem de seu enredo eletrizante, Jussara
Pires é hábil em cercar e cativar o leitor, embarcando-o em sua história e
tornando-o também membro da expedição capitaneada por Merlia Fiebe e sua equipe.
Esta capacidade singular
torna Jussara uma escritora de expressão, e seu livro de estreia uma obra que
vai além do mero entretenimento. Ao incluir o leitor em sua narrativa, fazendo
dele um personagem onipresente a cada página virada, a autora o conquista e o captura,
tornando impossível abandonar o livro até seu derradeiro e surpreendente
desfecho.
Entretanto, acima da narrativa
cativante, dos mistérios, dos dilemas e da originalidade de sua literatura, o
grande mérito d’O Cálice de Ouro é
levantar mais perguntas do que respostas, colocando em dúvida não apenas as crenças
de seus personagens, mas também (e principalmente) as do leitor, que atua tanto
como protagonista quanto como antagonista de sua história. Ao depositar nossas
certezas na balança, Jussara consegue a façanha de abrir nossa cabeça com a
delicadeza de uma tempestade, celebrando a dúvida e o questionamento; interrogando
o que trazemos como certo e verdadeiro.
O
Cálice de Ouro é uma
obra engenhosa, mas é também uma experiência fantástica sobre a inquietação que
existe e resiste sob nossas convicções. Um convite para seguir com obstinação
os fantasmas que nos assombram, invadindo sem pedir licença aquele espaço teoricamente
seguro que reservamos para nossas verdades absolutas.
Se crer em tudo é tão
equivocado quanto descrer de tudo, O
Cálice de Ouro é o contrapeso de toda certeza. Uma obra escrita
especialmente para aqueles que não têm medo de percorrer o inexplorado,
iluminar o obscuro, decifrar o indecifrável e contestar o indiscutível.
Aos que têm coragem, fica o
convite: vem junto revelar o mistério d’O
Cálice de Ouro*, e garanta sua passagem nesta viagem tão inesquecível
quanto perturbadora.
Porque, afinal, duvidar é a
maior aventura em um mundo que tem tanta certeza sobre tudo.
* O Cálice
de Ouro está disponível para venda com a autora (através do e-mail jugloxinia@gmail.com)
ou na livraria virtual da Editora Os Dez Melhores.