Texto:
Jana Lauxen
Fotos:
Fernão Duarte e Talytha Roehe
Toda criança precisa de uma
alimentação balanceada para crescer com saúde, desenvolvendo-se de modo pleno, física
e intelectualmente.
Disso, todos nós sabemos.
Porém, o que muitas vezes
esquecemos, é que nossas crianças necessitam também de outro tipo de alimento,
que não é cozido na panela e nem servido no prato; que não dá para guardar na geladeira
e nem preparar no micro-ondas.
Um alimento capaz de sustentar
e fazer crescer não só por fora, mas principalmente por dentro.
Porque, além do corpo, é indispensável
nutrir e satisfazer seus corações e suas mentes inquietas. Mais do que o
estômago, é preciso alimentar seu pensamento crítico, seu raciocínio, seus
sentimentos, sua criatividade, empatia e percepção.
E como matar esta fome que o
pão, o arroz e o feijão não conseguem saciar?
A resposta para esta pergunta
é: com educação de qualidade.
Infelizmente esta é uma iguaria
rara – mais rara do que deveria ser. Seus ingredientes não são encontrados em
qualquer mercadinho, e seu modo de preparo requer o esforço, o tempo, a
dedicação e o trabalho contínuo de muitas mãos.
Afinal, preparar e servir esta refeição
não são tarefas apenas da escola; mas também da família de cada aluno.
O compromisso e os ingredientes
são divididos meio a meio: a educação que vem de casa soma-se à recebida na
escola, e vice-versa.
É assim que o ensino se qualifica,
se amplifica, se aprimora e se torna, de fato, libertador.
É assim que agigantamos os
nossos pequenos e engrandecemos o nosso futuro.
É assim que formamos leitores,
escritores, pensadores, cidadãos.
Cidadãos conscientes de sua
cidadania, intelectualmente independentes, com habilidade para escrever sua
própria história e assumir com confiança a autoria de sua vida e de suas escolhas.
Quando família e escola
aliam-se em prol de um objetivo maior, a magia acontece.
Quando família e escola
tornam-se uma frente só, todos ganham.
Mas acredite: ninguém, ninguém
ganha mais do que a gurizada.
E foi exatamente isso o que eu
vi no lançamento do livro Pequenos
Escritores do Rui Vol. 2: uma família escolar. Uma escola familiar. Uma morada
no colégio; uma sala de aula no lar.
O que eu vi na noite do dia 02
de agosto de 2018 foi um grupo de pessoas unidas em torno de um único
propósito: alimentar nossos pequenos a fim de torná-los grandes, de corpo,
mente, alma e coração.
O que torna o livro Pequenos Escritores do Rui Vol. 2 um
projeto tão simbólico, extraordinário e delicioso é que, além das receitas
poéticas e ilustrações de 47 alunos do 3º ano do Ensino Fundamental do Colégio Sinodal Rui Barbosa, de Carazinho/RS, a obra traz também 47 receitas culinárias, enviadas pelas
famílias dos pequenos autores.
A proposta era que cada um
compartilhasse a receita de uma comida cujo significado fosse especial,
explicando em um pequeno parágrafo por que tal refeição é importante para ele e
sua família.
Assim, o livro reúne, ao lado
de desenhos e receitas poéticas como a “Tortinha
de Carinho”, o “Cupcake da Alegria”
e a “Poção da Amizade”, as receitas culinárias preferidas de cada aluno: têm os
enroladinhos da vó, o bolo de chocolate da
tia, o churrasco malpassado do papai, a lasanha da mamãe – sem contar algumas
sacadas geniais, como o "Bisa-Colé", o picolé
da bisa, e a comida que liga e desliga, o "Strog
ON-OFF", também conhecido por alguns leigos como strogonoff.
O
mais legal é que, para o evento de lançamento, as famílias foram convidadas a levar
o prato que seus pequenos escritores escolheram para integrar o livro,
compartilhando esta refeição tão especial e temperada de recordações com os
demais autores e seus convidados.
Um
momento precioso de dividir o alimento, a poesia, a satisfação e o compromisso pelo
fortalecimento físico e mental, intelectual e emocional, dos responsáveis por
escrever o final feliz que tanto desejamos para o nosso futuro: nossas crianças.
Formando um mosaico lúdico e
belo entre poesia e alimento, memória e literatura, história e identidade, Pequenos Escritores do Rui Vol. 2 foi mais
longe ao envolver as famílias dos autores e toda a comunidade escolar em um
projeto que festeja a educação.
Um projeto que vem de casa e da
sala de aula para as páginas de um livro; e que sai das páginas do livro para o
mundo, ganhando vida e força, refletindo-se e espalhando-se por todo lugar.
O lançamento de Pequenos Escritores do Rui Vol. 2 retratou
com precisão, beleza e eficiência o que este projeto significa e traz; tudo o
que representa; toda a fome que sacia. Uma celebração da bem-sucedida parceria
entre escola e família.
Para nós, da Editora Os Dez Melhores, e especialmente para mim, orgulhosa editora desta obra cheia de sabor,
amor e sentidos, só resta agradecer, sabendo que agradecer é pouco perante
tudo.
Aos pais e familiares;
Ao Colégio Sinodal Rui Barbosa,
seus funcionários, professores e direção;
Ao público que compareceu e prestigiou;
À maravilhosa banda do colégio,
que abriu o espetáculo lindamente;
E, claro, aos queridos e
grandiosos pequenos escritores do Rui: muito obrigada por acreditarem também.
Parafraseando Carl Sagan, só
posso dizer que, diante da vastidão do tempo e da imensidão do universo, é uma
honra e um imenso prazer dividir um planeta e uma refeição com vocês.