A
Editora Os Dez Melhores já disse, mas não cansa de repetir: acreditamos que a
única forma de nos salvarmos da selvageria e da violência, e de garantirmos um futuro
minimamente civilizado e suportável para nós, e para nossos filhos, é através
da educação.
Não
existe outra forma; não há outro caminho.
Por
isso, somos veementemente contra estas ações violentas e covardes promovidas
pelos ditos ‘justiceiros’ e 'cidadãos de bem', e que vem disseminando ainda mais destruição, ainda mais
brutalidade, e ainda mais mortes nas ruas de nossas cidades.
Não
é desta forma que iremos resolver os graves problemas de nosso país. Não é
agindo como bandidos que iremos combater os bandidos.
O
que mais choca é que os promotores desta barbárie (os tais ‘justiceiros’, os
ditos ‘cidadãos de bem’) são pessoas que, em sua maioria, estudaram, frequentaram
boas universidades, e deveriam integrar a classe intelectualmente ativa de
nosso Brasil.
Deveriam.
Mas não. Escolhem partir para a violência – a solução de todo selvagem
irracional – antes de buscar uma forma inteligente e coerente de melhorar sua
casa, seu bairro, sua cidade, seu estado, seu país.
Os
tais ‘justiceiros’ não realizam nenhum trabalho voluntário. Os ‘cidadãos de bem’
não participam do mutirão para pintar a escola de sua comunidade. Nenhum deles
incentiva os jovens e as crianças a estudarem, para que, quando crescerem, não
entrem para o crime e terminem espancados e assassinados pelos próprios ‘justiceiros’
e ‘cidadãos de bem’.
Não,
nada disso. Eles preferem espancar covardemente; preferem matar; preferem
excluir. E o pior: acreditam que, promovendo a violência, estão lutando contra
ela.
Prova
de sua ignorância.
Prova
de que, mesmo estudando, não passam de grandes estúpidos com um diploma na
parede.
Prova
das muitas falhas da educação que oferecemos – seja para o mais pobre, seja
para o mais rico.
Ademais,
se querem realmente combater os verdadeiros criminosos de nosso país, por que
não espancam e amarram em um poste os milhares de políticos corruptos que
infestam nosso congresso?
Não.
Nestes, os ‘justiceiros’ e os ‘cidadãos de bem’ votam e fazem campanha
eleitoral.
Por
que, afinal, não passam de fracos manipulados e manipuladores, que sequer sabem
exatamente por que fazem o que fazem. Não conseguem pensar sozinhos. Apenas
seguem o pensamento coletivo e distorcido da manada.
Nós
não somos uma editora ‘justiceira’ que promove a tirania e a covardia.
Nossa
equipe não é formada por ‘cidadãos de bem’ que matam e aterrorizam.
Também não
publicamos escritores que incentivam e endossam o coro de ‘justiceiros’
promotores de injustiças, e de ‘cidadãos de bem’ que exercem sua cidadania causando
o mal.
Somos
uma editora pacífica e solidária ao grave problema da ignorância e da falta de
educação. E por isso buscamos fazer mais do que simplesmente proclamar
discursos inflamados no Facebook, ou acrescentar mais violência em um país já violento
demais.
Por
isso também elaboramos o projeto Nascedouro. E através dele vamos até as
escolas e instituições mais pobres e marginalizadas, levando um pouco de
literatura, educação e esperança para quem não tem nada.
É
um trabalho de formiguinha; sabemos disso.
Mas
queremos fazer a nossa parte, com dignidade, com amor, com dedicação, com responsabilidade.
Estas são as palavras de ordem para quem se diz ‘justiceiro’, para quem se
intitula ‘cidadão de bem’.
E
se nós conseguirmos ajudar apenas um aluno a pensar diferente, e a enxergar que
existem outros caminhos e outras possibilidades, além do crime, então terá valido cada esforço.
Assim,
se você quiser mudanças reais, concretas e duradouras para seu país, dê a mão
antes de dar um soco. Ofereça uma palavra amiga antes de uma ofensa. Proporcione
uma oportunidade antes de julgar e condenar.
Pois,
como bem disse João Paulo II, “A violência destrói o que ela pretende defender:
a dignidade da vida e a liberdade do ser humano”.
Por Mario Cau. |