terça-feira, 6 de maio de 2014

Contra os ‘Justiceiros’. Contra os ‘Cidadãos de Bem’.



A Editora Os Dez Melhores já disse, mas não cansa de repetir: acreditamos que a única forma de nos salvarmos da selvageria e da violência, e de garantirmos um futuro minimamente civilizado e suportável para nós, e para nossos filhos, é através da educação.
Não existe outra forma; não há outro caminho.
Por isso, somos veementemente contra estas ações violentas e covardes promovidas pelos ditos ‘justiceiros’ e 'cidadãos de bem', e que vem disseminando ainda mais destruição, ainda mais brutalidade, e ainda mais mortes nas ruas de nossas cidades.
Não é desta forma que iremos resolver os graves problemas de nosso país. Não é agindo como bandidos que iremos combater os bandidos.
O que mais choca é que os promotores desta barbárie (os tais ‘justiceiros’, os ditos ‘cidadãos de bem’) são pessoas que, em sua maioria, estudaram, frequentaram boas universidades, e deveriam integrar a classe intelectualmente ativa de nosso Brasil.
Deveriam. Mas não. Escolhem partir para a violência – a solução de todo selvagem irracional – antes de buscar uma forma inteligente e coerente de melhorar sua casa, seu bairro, sua cidade, seu estado, seu país.
Os tais ‘justiceiros’ não realizam nenhum trabalho voluntário. Os ‘cidadãos de bem’ não participam do mutirão para pintar a escola de sua comunidade. Nenhum deles incentiva os jovens e as crianças a estudarem, para que, quando crescerem, não entrem para o crime e terminem espancados e assassinados pelos próprios ‘justiceiros’ e ‘cidadãos de bem’.
Não, nada disso. Eles preferem espancar covardemente; preferem matar; preferem excluir. E o pior: acreditam que, promovendo a violência, estão lutando contra ela.
Prova de sua ignorância.
Prova de que, mesmo estudando, não passam de grandes estúpidos com um diploma na parede.
Prova das muitas falhas da educação que oferecemos – seja para o mais pobre, seja para o mais rico.
Ademais, se querem realmente combater os verdadeiros criminosos de nosso país, por que não espancam e amarram em um poste os milhares de políticos corruptos que infestam nosso congresso?
Não. Nestes, os ‘justiceiros’ e os ‘cidadãos de bem’ votam e fazem campanha eleitoral.
Por que, afinal, não passam de fracos manipulados e manipuladores, que sequer sabem exatamente por que fazem o que fazem. Não conseguem pensar sozinhos. Apenas seguem o pensamento coletivo e distorcido da manada.
Nós não somos uma editora ‘justiceira’ que promove a tirania e a covardia. 
Nossa equipe não é formada por ‘cidadãos de bem’ que matam e aterrorizam. 
Também não publicamos escritores que incentivam e endossam o coro de ‘justiceiros’ promotores de injustiças, e de ‘cidadãos de bem’ que exercem sua cidadania causando o mal.
Somos uma editora pacífica e solidária ao grave problema da ignorância e da falta de educação. E por isso buscamos fazer mais do que simplesmente proclamar discursos inflamados no Facebook, ou acrescentar mais violência em um país já violento demais.
Por isso também elaboramos o projeto Nascedouro. E através dele vamos até as escolas e instituições mais pobres e marginalizadas, levando um pouco de literatura, educação e esperança para quem não tem nada.
É um trabalho de formiguinha; sabemos disso.
Mas queremos fazer a nossa parte, com dignidade, com amor, com dedicação, com responsabilidade. Estas são as palavras de ordem para quem se diz ‘justiceiro’, para quem se intitula ‘cidadão de bem’.
E se nós conseguirmos ajudar apenas um aluno a pensar diferente, e a enxergar que existem outros caminhos e outras possibilidades, além do crime, então terá valido cada esforço.
Assim, se você quiser mudanças reais, concretas e duradouras para seu país, dê a mão antes de dar um soco. Ofereça uma palavra amiga antes de uma ofensa. Proporcione uma oportunidade antes de julgar e condenar.
Pois, como bem disse João Paulo II, “A violência destrói o que ela pretende defender: a dignidade da vida e a liberdade do ser humano”.

Por Mario Cau.